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Solenidade de Pentecostes, um convite a sermos dócil ao Espírito

P ercorremos exatos cinquenta dias do tempo Pascal e com a solene celebração de Pentecostes [1] chegamos ao fim deste tempo e ret...

sexta-feira, 28 de dezembro de 2012


Transmitir a fé (parte I)
Cada filho é uma prova da confiança de Deus nos pais, que lhes confia o cuidado e a orientação de uma criatura chamada à felicidade eterna. A fé é o melhor legado que se lhe pode transmitir; mais ainda, é a única coisa verdadeiramente importante, pois é o que dá sentido último à existência. Deus, além disso, nunca confia uma missão sem dar os meios imprescindíveis para levá-la a termo; e assim, nenhuma comunidade humana está tão bem dotada como a família para facilitar que a fé enraíze nos corações.

O TESTEMUNHO PESSOALA educação da fé não é um mero ensinamento, mas a transmissão de uma mensagem de vida. Ainda que a palavra de Deus seja eficaz em si mesma, para difundi-la o Senhor quis servir-se do testemunho e da mediação dos homens; o Evangelho é convincente quando se vê encarnado.  
Isto é válido de maneira especial quando nos referimos às crianças, que distinguem com dificuldade entre o que se diz e quem o diz; e adquire ainda mais força quando pensamos nos próprios filhos, pois não diferenciam claramente entre a mãe ou pai que reza e a própria oração; mais ainda, a oração tem valor especial, é amável e significativa, porque quem reza é a sua mãe ou o seu pai.
Isto faz com que os pais tenham tudo a seu favor para comunicar a fé aos filhos; o que Deus espera deles, mais do que palavras, é que sejam piedosos, coerentes. O seu testemunho pessoal deve estar presente diante dos filhos a todo o momento, com naturalidade, sem procurar dar lições constantemente.  
Às vezes, basta que os filhos vejam a alegria dos seus pais ao confessar-se, para que a fé se torne forte nos seus corações. Não se deve desvalorizar a perspicácia das crianças, mesmo que pareçam ingênuas; na realidade, conhecem os seus pais, no bom e no menos bom, e tudo o que estes fazem – ou omitem – é para eles uma mensagem que os ajuda a formar ou a deformar.
Bento XVI explicou muitas vezes que as alterações profundas nas instituições e nas pessoas costumam ser promovidas pelos santos, e não pelos mais sábios ou poderosos: «Nas vicissitudes da história, [os santos] foram os verdadeiros reformadores que tantas vezes elevaram a humanidade dos vales obscuros nos quais está sempre em perigo de se precipitar; iluminaram sempre de novo» [1]. 
Na família acontece algo parecido. Sem dúvida, é preciso pensar no modo mais pedagógico de transmitir a fé, e formar-se para serem bons educadores; mas o que é decisivo é o empenho dos pais por quererem ser santos. É a santidade pessoal o que permitirá acertar com a melhor pedagogia.  

"Em todos os ambientes cristãos conhecem-se, por experiência, os bons resultados que dá essa natural e sobrenatural iniciação à vida de piedade, feita no calor do lar. A criança aprende a pôr o Senhor na linha dos primeiros e fundamentais afetos, aprende a tratar a Deus como Pai e à Nossa Senhora como Mãe, aprende a rezar seguindo o exemplo dos pais. Quando se compreende isto, vê-se a enorme tarefa apostólica que os pais podem realizar e como têm obrigação de serem sinceramente piedosos, para poderem transmitir – mais do que ensinar – essa piedade aos filhos" [2].

[1] Bento XVI, Discurso na Vigília da Jornada Mundial da Juventude de Colônia, 20-08-2005.
[2] S. Josemaria Escrivá de Balaguer, Temas Atuais do Cristianismo, n. 103.

segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Natal é tempo de gratidão a Deus


Natal é tempo de paz, de graça e de alegria, e, principalmente, de gratidão a Deus por ter nos enviado, por meio de Maria, seu Filho, para ser o nosso Redentor.
Esta é a causa e a fonte da verdadeira alegria para nós no Natal: a plena convicção de que Deus nos ama infinitamente, a ponto de, pelo mistério da encarnação, assumir a condição humana e tornar-se verdadeiramente um de nós, semelhante a nós em tudo, exceto no pecado.
Este gesto de amor atinge seu ápice quando Jesus aceita, livremente, morrer na cruz por nós. Jesus venceu a morte com a própria morte e ao ressuscitar concedeu-nos a salvação e nos conferiu a dignidade de sermos chamados filhos de Deus. “E a razão pela qual o Verbo de Deus se fez homem foi para que o homem ao entrar em comunhão com o Verbo e ao receber, assim, a filiação divina, se convertesse em filho de Deus. Porque o Filho de Deus se fez homem para nos fazer Deus” (CIC 460).
Jesus veio ao mundo para nos revelar que “Deus é amor”. Ele é justiça, misericórdia e bondade infinita. É esse mistério do amor e da bondade de Deus, manifestado em Nosso Senhor Jesus Cristo, que celebramos no Natal. Se acreditamos, de fato, no verdadeiro sentido do Natal, devemos reafirmar nossa fé e renovar o compromisso, assumido em nosso batismo, de ser discípulo e missionário de Jesus Cristo e de trabalhar pela construção de um mundo mais justo, humano e fraterno. Nós, cristãos, em meio a uma sociedade de consumo e num mundo, muitas vezes, insensível aos valores religiosos, devemos testemunhar que Natal sem Jesus não é verdadeiro Natal.
Alegremo-nos e demos graças a Deus: “Eu vos anuncio uma grande alegria, que será para todo o povo: Hoje, na cidade de Davi, nasceu para vós um salvador, que é o Cristo Senhor” (Lc 2,10).
Ao querido brasileiro, os melhores votos de um Feliz e Santo Natal e um 2013 com muitas bênçãos do Senhor!
Cardeal Raymundo Damasceno Assis
Arcebispo de Aparecida (SP)
Presidente da CNBB
FONTE:    http://www.cnbb.org.br

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Jornal A Palavra Viva

O novo ano litúrgico começou e com ele renovamos nossas esperanças e revigoramos os fundamentos de nossa fé. Um novo ano civil esta chegando, e com ele aguardamos que a imensa luz trazida por Deus através de Jesus, seja para os todos os povos a fonte inesgotável de dias melhores e mais justos. Como discípulos missionários do mestre sejamos instrumentos na construção do reino de Deus e busquemo sem cessar a fonte da vida eterna.

Feliz Natal e próspero Ano Novo!

são os votos do Diácono Carlos Ericeira e Família a todos os amigos que acessam o Blog Cmliturgo   

sexta-feira, 12 de outubro de 2012


DIACONATO PERMANENTE

A caminhada da 1ª Turma de candidatos ao Diaconato Permanente da Arquidiocese de São Luis/MA segue com seus compromissos e estudos, após terem recebido os ministérios (acolitato e leitorato no dia 16 de junho na Igreja de São Francisco - São Luis/MA) e Admissão as Ordens Sacras no dia 10 de agosto na Catedral da Sé, está  chegou momento da solene cerimônia de ordenação que será presidida por Dom José Belizário (arcebispo metropolitano) no ginásio castelinho no dia 24 de novembro do corrente ano.  Faltando aproximadamente 45 dias para a ordenação os postulantes a este ministério continuam sua trajetória com os estudos teológicos no IESMA a qual permanecem até o inicio de novembro, planejamento e organização da cerimônia de ordenação, retiros, atividades pastorias e profissionais. O que ecoa na Arquidiocese de São Luis(MA) como novidade, na verdade é uma realidade bem antiga na tradição da Igreja e teve seu resgate atribuido ao Concílio Ecumênico Vaticano II, por isso amados leitores trago alguns esclarecimentos deste ministério ordenado como fonte de conhecimento das inumeras riquezas contidas na nossa Igreja.
O que é Diaconato?
Diaconato é o primeiro grau do Sacramento da Ordem. Os outros dois são o presbiterato e o episcopado, portanto, diáconos, presbíteros e bispos compõem a hierarquia da Igreja. As mãos lhes são impostas para o ministério e não para o sacerdócio. Com a ordenação o diácono deixa sua condição de leigo e passa a fazer parte do clero. Esse Sacramento imprime caráter, que o faz diácono por toda a eternidade. Não há como retroceder.

O diaconato não é novidade na Igreja?

O diaconato foi instituído pelos apóstolos. Podemos ver em Atos 6,1-6 a imposição de mãos sobre os primeiros sete diáconos: Filipe, Prócoro, Nicanor, Tímon, Pármenas, Nicolau e Estevão que foi o primeiro mártir (At. 6,8-7,60). Podemos, ainda, ver outras referencias como Fl 1,1 e 1Tm 3,8-ss. Permaneceu florescente na Igreja do Ocidente até o século V, depois por várias razoes desapareceu.

Concílio Vaticano II

O Diaconato Permanente foi restabelecido pelo Concílio Vaticano II. Inicialmente foi regulamentado pelo Papa Paulo VI, em 1967 no Motu Próprio Sacrum Diaconatus Ordinem. Em 31 de março deste ano, foram promulgados pela Congregação para o clero as Normas fundamentais para a formação dos diáconos permanentes e O diretório do ministério e da vida dos dáconos permanentes. Estes documentos deixam explícitos que a restauração do diaconato permanente numa nação não implica a obrigação da sua restauração em todas as dioceses. Compete exclusivamente ao bispo diocesano restaurá-lo ou não.

“Tipos” de Diácono

Existem dois tipos de diáconos: o diácono transitório é aquele que recebe o sacramento da ordem no grau de diaconato para depois receber o segundo grau e tornar-se presbítero, ou padre, conforme costumamos dizer; e o diácono permanente, que sendo casado, não pode ascender ao grau superior, ficando permanentemente como diácono.
Exigencias para o Diaconato Permanente

As normas da Igreja fazem algumas exigências para a ordenação de diáconos permanentes: a formação deve durar pelo menos três anos (no mínimo mil horas) e deve conter obrigatoriamente Teologia Bíblica, Dogmática, Litúrgica e Pastoral; o candidato deve estar casado no mínimo cinco anos; tem que ter pelo menos 35 anos. Vida matrimonial e eclesial exemplares. Autorização verbal da esposa, no momento da ordenação e por escrito, arquivada no processo. Todas as dioceses têm normas específicas, exemplo: segundo grau completo, situação econômica estável, indicação do pároco, entrevistas com o Bispo (inclusive esposas), idade superior a quarenta anos, retiros espirituais a cada seis meses para que se possa meditar sobre sua vocação; estar intimamente ligado a uma paróquia, onde venha prestando valiosos serviços; complementar seus estudos com Teologia Moral, História da Igreja, Direito Canônico e Mariologia. Ser homem de oração e assíduo na freqüência aos sacramentos. De modo geral o candidato é escolhido entre aqueles que se sobressaem na comunidade por sua espiritualidade e engajamento na paróquia, todavia, nada impede que alguém explicite ao pároco ou mesmo ao bispo diocesano sua vocação de servir à Igreja como ministro ordenado.

As funções do diácono


DIACONIA quer dizer SERVIÇO, então o Diácono é ordenado para SERVIR. Faz parte do ministério do Cristo Servo, que veio para servir e não para ser servido O ministério do diácono é voltado para o serviço à comunidade. A estola atravessada no peito mostra a horizontalidade de suas funções. A Lumem Gentium diz que: servem o povo de Deus na diaconia da liturgia, da palavra e da caridade (LG 29). Na liturgia eucarística, o diácono tem funções próprias: servir o altar, proclamar o Evangelho, fazer a homilia, quando autorizado pelo padre, convidar para o abraço da paz, purificar os vasos sagrados e fazer a despedida. São ainda funções do diácono: - Instruir e exortar o Povo de Deus e incentivar a participação correta e efetiva da assembléia na divina liturgia. - Conservar e administrar a eucaristia - Administrar solenemente o batismo - Assistir e abençoar o matrimônio - Realizar o rito funeral e da sepultura - Administrar os sacramentais - Atuar, preferencialmente na caridade - Assistir a comunidade carente - Participar da administração diocesana ou paroquial

O exercício do ministério


Teoricamente pode exercer seu ministério em qualquer lugar do mundo, afinal de contas ele recebeu um sacramento válido e a Igreja é una, santa e católica, ou seja, é UNIVERSAL, no entanto, o diácono está intimamente ligado ao bispo diocesano a quem deve plena obediência. O bispo pode colocá-lo como auxiliar de um pároco, contudo, ele tem a faculdade de auxiliar em outra paróquia, desde que disponha de tempo e tenha a autorização do titular competente.

A vida matrimonial do diácono


Os documentos de santo Domingo nos dizem que o diácono permanente é o único a viver a dupla sacramentalidade - da ordem e do matrimônio. Um não elimina o outro. A vida matrimonial é portanto vivida em sua plenitude. Esta é a razão pela qual a esposa tem que autorizar, por escrito, e de viva voz, no momento da ordenação. O bispo pede a sua autorização para ordenar seu marido. A vocação do diácono permanente é uma vocação familiar e não pessoal, a esposa é um esteio para o bom desempenho da vida diaconal. Ela deve viver com ele esta diaconia, os filhos devem apoiar o pai e saber que a ausência dele, em alguns momentos, é para o bem da comunidade e da própria família.

 O sustento do diacono

O ministério diaconal é uma vocação (assim como o episcopal e presbiral), regido pelo Código de Direito Canônico (Cân. 1008-1054) , portanto, todo o trabalho do diácono é uma doação de si à Igreja, por isso, ele não recebe côngruas pelo exercício de seu ministério. No entanto, nada impede que seja ressarcido de todos os gastos que venha a fazer como, por exemplo, com o combustível que gasta em suas locomoções no exercício de seu ministério, matériais e outros. Com vistas do desenvolvimento de seu trabalho e conforme cada realidade (individual) são sugeridas e tomadas decisões que favoreçam o seu desenvolvimento  e sua atuação, para tal, é comum que nas dioceses onde há diaconos permanente, o Bispo apresente um diretorio com esclarecimentos sobre esta e outras questões deste ministério.

VOCAÇÃO DIACONAL (PERMANENTE) CRESCE EM TODO O MUNDO


De acordo com o ultimo Anuário Estatístico da Igreja, apresentado pelo Vaticano à imprensa, O número de diáconos permanentes, tanto diocesanos quanto religiosos, continua com tendência de crescimento elevado. Os diáconos permanentes são o grupo mais forte em evolução ao longo do tempo: de cerca de 28 mil em 2000, aumentou para 37 mil em 2008, em 2009 chegaram a 38.155 e em 2010 o aumento atingiu  o percentual de 3,7% com relação ao ano anterior, chegando assim ao numero de 39.564 em todo o mundo

Os diáconos permanentes estão presentes principalmente na América do Norte e na Europa (64,3% e 33,2%, respectivamente).com variação significativa de 33,7%. Na América do Norte o aumento é sustentado: em 2000 havia mais de 18 mil diáconos permanentes, enquanto em 2008 este número aumentou para 24 mil. Os dados revelam que  atualmente, no mundo, a vocação diaconal esta retomando seu vigor.

No site da Comissão Nacional dos Diáconos Permanentes: www.cnd.org.br, o padre Walter Goedert apresenta uma definição e comentários muito interessantes sobre a vocação, destaco o que ele escreve:

"Dado que o diácono permanente é simultaneamente pai e esposo, exerce uma profissão civil e se consagra à comunidade eclesial pelo sacramento da Ordem, sua vocação abrange vários aspectos. Na verdade, são três grandes dimensões: familiar, profissional e eclesial. Embora com desafios próprios, estas não deixam de contribuir positivamente para a realização da vocação diaconal.

Administrar esses desafios e colocá-los a serviço da missão constitui tarefa diária. É preciso maturidade para atribuir a cada função o peso certo no momento exato. A harmonização dos possíveis conflitos exige uma escala de valores ditada pela vivência dos sacramentos do Matrimônio e da Ordem, e pela responsabilidade profissional. Não se trata de privilegiar uma das dimensões em detrimento das outras; é preciso, mesmo dando prioridade momentânea a uma delas, buscar o equilíbrio. Sem essa harmonia não existe plena realização vocacional.

Uma vez que a vocação inclui aspectos sobrenaturais (é Deus quem chama e espera resposta), é necessário aplicar à vocação diaconal as características bíblicas do chamado. Vocação é antes de tudo, dom de Deus: "Antes mesmo de te formar no ventre materno, eu te conheci; antes que saísses do seio, eu te consagrei. Eu te constituí profeta para as nações" (Jr 1,4-5). É também dom para a Igreja. Um bem para o vocacionado e para sua missão. Como dom, deve ser acolhido dentro das circunstâncias de tempo e de ambiente. Na avaliação da autenticidade de uma vocação devem ser levadas em consideração as aptidões objetivas do candidato, a livre determinação da vontade e a confirmação do chamado pela Igreja. Esse processo deve ser feito em estreita união com a família do candidato [ao diaconato], com a comunidade eclesial e com os responsáveis diretos pela formação diaconal.

A Sagrada Escritura revela, ainda, que o chamado acontece em vista de uma missão especifica. É convite pessoal que espera adesão consciente de fé e de vida, incluindo uma consagração particular a Deus em forma de serviço ao povo. Toda vocação constitui um serviço; o chamado ao diaconato o é de forma especial por ser o diácono sinal sacramental de Cristo-Servo.

O serviço, comum a todos os cristãos, o diácono o assume como função própria, da qual dá testemunho personalizado. Abraça a diaconia com toda a intensidade de sua vida, como algo que lhe diz particularmente respeito. João Paulo II afirma: "O diaconato empenha ao seguimento de Jesus, nesta atitude de serviço humilde que não só se exprime nas obras de caridade, mas investe e forja o modo de pensar e de agir" (L'Osservatore Romano, ed. portuguesa, n. 43 (24/10/93), p 12). Por isso, Puebla afirmou que a missão e a função do diácono não devem ser avaliados com critérios meramente pragmáticos, por estas ou aquelas funções [...]. O carisma do diácono é ser sinal sacramental de Cristo-Servo (P 697-698).

Embora a vocação surja de um chamado de Deus, Ele o faz, normalmente, por meio de caminhos ligados à realidade em que vivemos. O chamado é acolhido por homens concretos, cada qual com sua história, limitações e qualidades. Por conseguinte, o discernimento vocacional deve levar em consideração não só critérios objetivos, mas também requisitos pessoais, espirituais, familiares e comunitários ('Diretrizes para o diaconato permanente', 135-139). Devem ser considerados desde as tendências instintivas e os desejos íntimos até o modo de ser de cada um, seu ambiente, sua história."

A vocação, portanto, passa pelo discernimento da Igreja, que, como mãe, acolhe aqueles homens dispostos a dedicar a vida ao serviço da Igreja, ao povo de Deus.

sexta-feira, 27 de julho de 2012

Entrevista com Pe Daniel

Daniel Soardo (Pe. Daniel), filho de Antonio Soardo e Adriana Mantovanelli é o 6º dos 9 filhos do casal, nasceu no dia 29 de maio de 1966 em Verona na Itália; foi ordenado presbítero em 18  de maio de 1991. Padre diocesano aqui como Fidei Donum (Padre de uma diocese a serviço em outra diocese por um período assinado de 3 em 3 anos) deverá retornar a sua terra natal no próximo mês, chegou no Brasil no dia 18 de janeiro de 2001 e até o ano de 2004 prestou seus serviços missionários na diocese de Teresina (PI) na Paróquia de São João Evangelista / Parque Piauí, logo depois foi enviado para a Arquidiocese de São Luis e assumiu a recém criada Paróquia Santíssima Trindade / Cidade Olímpica, em sua atuação missionária esteve presente também na cúria Arquidiocesana como coordenador de pastorais e na forania São Cristóvão, onde desenvolveu vários trabalhos.

 Neste momento em que somos convidados a dizer até logo o Jornal A Palavra Viva foi ao encontro deste missionário e consegui esta exclusiva entrevista...
                                  -   O que mais lhe motivou a sair de sua terra natal para vir para o Brasil?
 - Desde Pequeno, vivendo na Igreja e tendo bastante contato com padres Combonianos que falavam da África, sempre cultivei o desejo e a vontade de ser missionário. Na demanda para o sacerdócio tinha colocado a minha disponibilidade para a missão, em terras onde tivesse mais necessidade de padre... quando surgiu a possibilidade do Brasil, aceitei na hora!
  -   Qual era sua expectativa?
- Nenhuma e todas! Só esperava que a minha presença pudesse ser significativa para mim e para o povo a mim confiado.

-   O que nesta experiência lhe encantou e o que lhe decepcionou?

- Desde a minha chegada me Encantou o caloroso acolhimento humano, a animação das celebrações, o entusiasmo dos jovens e dos adultos em participar da Igreja, a fé em Deus enraizada em todos os aspectos da vida, a solidariedade dos pobres para com os padres... ME DECEPCIONOU? A presença e constante aumento da violência principalmente comas crianças e a mulher; o medo e a violência na rua por causa de assaltos, roubos, ameaças, ferimentos e mortes sobretudo entre os jovens...è uma verdadeira calamidade! 


-   Como missionário (Padre) O que o Sr. leva neste retorno a terra natal?
 A simplicidade do povo; a presença e o protagonismo dos ministérios leigos; as celebrações bem preparadas e animadas; o uso maciço da palavra de Deus; a maneira de enfrentar as situações da vida(como a doença e a morte)com muita fé e entrega a Deus; a organização das paróquias como comunidades de comunidades, em fim, a dimensão missionária da vida cristã... como o texto de aparecida nos indicou.
-   Como o homem Daniel se definiria depois de tantos anos, e com que sentimentos  vai encarar esta nova fase na sua vida e missão?

- O homem Daniel volta mais rico de humanidade, de sabedoria popular, de abertura da fé a vida social e política, de uma fé que precisa estar encarnarda na vida do povo. COMO SERÁ MINHA NOVA VIDA E MISSÃO?  Não sei... Será o que Deus quiser!!!!!!!

-   Qual a sua mensagem para os aqui ficam?
O Brasil está se tornando muito mais rico, abastecido, moderno, um dos maiores países do mundo quanto a importância econômica  e política... mas também mais frágil quanto à participação na fé católica. Por isso precisa trabalhar para a conscientização do povo; resgatar suas raízes étnicas, culturais e religiosas; motivar para a participação mais audaciosa como cristãos na vida religiosa, social e política; não perder impulso a solidariedade/ fraternidade; manter vivo o entusiasmo da fé, mas, também a responsabilidade e a perseverança no compromisso cristão; renovar e adequar as estruturas da Igreja no meio urbano; apostar nas pastorais do “limite” (universidades, carcerária, juvenil,caridade, política...) celebrar os 400 anos com certeza que valeu a pena conhecer e acreditar em Jesus Cristo nosso único Senhor e salvador! Ele faz mais bela e profunda, mais humana e divina nossa vida pessoal e comunitária!
                                                                                                                                                                       Obrigado Brasil! Terra da santa cruz, Terra de Liberdade, da natureza, dos povos e das culturas diferentes, das músicas e danças, do abraço simples e amoroso à vida e ao Deus da vida! 

São Luís - agosto 2012


Recordando e agradecendo...



Discípulos e missionários: Na vocação batismal,
Deus Pai nos chama como filhos amados,
O Cristo nos envia como discípulos escolhidos,
E o Espírito Santo nos molda com seu infinito Amor.

Jesus disse a Simão: “avance para as águas mais profundas
e lancem as redes para a pesca”. Simão respondeu:
“Mestre, tentamos a noite inteira e não pescamos nada,
mas, em atenção à tua Palavra, vou lançar as redes“(cf. Lc 5,3-5).

O barco não foi feito para ficar amarrado ao porto,
mas para andar em alto mar, sem medo e sem demora.
Pela fé em Jesus Cristo,  deixei o rio Ádige, em Verona,
para abeirar o rio Parnaíba de Teresina e o mar de São Luís.

Doze anos se passaram. Italiano de origem, aprendi, aos poucos,
a conhecer e amar a língua e os costumes, os cantos e as festas,
a sensibilidade e a vida do povo nordestino brasileiro,
que, diferente nos traços, vive a mesma fé em Cristo Senhor.

Entraram em mim o calor do sol e do povo,
o clima e os sabores, os sorrisos e os abraços,
as dores e as lutas, a paciência e a resistência,
tornando-me filho de adoção dessa terra de Santa Cruz.

A Deus, em primeiro lugar, meu agradecimento e louvor.
Amo esta vida e esta missão que Ele me concedeu.
Peço perdão pelas falhas e fraquezas,
 só Ele pode apagá-las na sua infinita misericórdia.

Agradeço de coração às Dioceses de Teresina e de São Luís:
vivenciei as comemorações dos 100 e 400 anos de vida dessas cidades.
Agradeço às paróquias de São João Evangelista e Santíssima Trindade:
duas vivências pastorais diferentes, estimulantes e valiosas.

Os afetos e as amizades, as alegrias e os sofrimentos,
os fracassos e os sucessos, os entendimentos e desentendimentos:
tudo levo comigo e peço ao Papai do Céu;
que faça deles uma salada gostosa de sabedoria de vida e de fé!

Passarei alguns meses em Jerusalém e na terra de Jesus.
Estarei vendo e contemplando os lugares onde Deus
colocou seus pés no chão e foi elevado à glória da ressurreição.
Que me sirva para crescer como homem e como missionário. 

A todos vocês o meu muito obrigado!
Desculpem-me por qualquer coisa que não tenha sido tão boa.
Acompanhem-me com sua fé e amor,
continuem nessa caminhada maravilhosa de cristãos!

E, se Deus quiser, nos veremos novamente,
para partilhar mais histórias de vida pessoal e comunitária,
mais testemunhos de fé e de caridade,
neste continente americano da Esperança e do Amor!

Pe. Daniel Soardo 



Muito Obrigado por nos conceder em primeira mão esta entrevista para ser editada na ed. 02 do Jornal A Palavra Viva. Deus lhe abençoe e lhe guie nos novos caminhos.

Atenciosamente

Carlos Ericeira

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